Avaliação do impacto durante a marcha com dois modelos de coturnos com e sem carga

Abstract

A capacidade de absorção de impacto dos coturnos está associada a grande incidência de lesões musculoesqueléticas em militares. Este estudo teve como objetivo comparar o impacto durante a marcha em diferentes modelos de coturno com e sem carga. Vinte e oito militares com idade de 27,6(± 2,8) anos, altura de 1,74(± 0,07) metros e massa corporal de 78,0 (± 7,58) kg participaram do estudo. Os sujeitos caminharam sobre uma pista de madeira com plataformas de força (Bertec, USA) embutidas no centro. Foram realizados testes de marcha descalço, com um coturno do Exército Brasileiro (CEB) e com um coturno Atalaia (CAT) com e sem carga (mochila fornecida pela cadeia de suprimento pesando 15kg). Os sujeitos caminharam em velocidade controlada 5(±0,5) km/h (Alge. Espanha). Não foi encontrado diferença significativa no primeiro pico de força e no segundo pico de força quanto ao fator calçado. Nas situações de marcha com carga, o primeiro pico de força (PPF) e o segundo pico de força (SPF) foram maiores quando comparados a marcha sem mochila (p<0,0001, ambos). Não houve diferença estatística nas variáveis taxa de aceitação do peso média (TAP_M), taxa de aceitação do peso máxima (TAP_Máx) e porcentagem do impulso acima de 30Hz (%>30Hz) quanto ao fator calçado, apenas no fator carga. O CAT teve menor valor para a TAP_ M (p<0,0001), entretanto o CEB obteve valores menores para as variáveis TAP_Máx (p<0,0155) e %>30Hz (p<0,0001). Esses resultados sugerem que a marcha com carga gera mais impacto no sistema musculoesquelético e exige um maior gasto energético do corpo em relação a marcha sem carga. Além disso, foi evidenciado que o CEB tem maior capacidade de absorver impacto quando comparado ao CAT. ____________________________________________________________________________

ABSTRACT The high impact during gait wearing military boots is related to the great musculoskeletal injuries incidence in military. The goal of this study was to compare the ground reaction forces (GRF) during gait in different military boots with and without load carriage. Twenty-eight male military volunteers aged 27, 6(± 2,8) years, height of 1,74(± 0.07) meters, body mass of 78,0(±7) kg. Subjects performed gait on a wooden track with force plates (Bertec, USA) embedded in the center. The test was carried out under barefoot condition, with a military boot of Brazilian Army (CEB) and with a military boot commercially acquired (CAT) in gait situations with and without a backpack 15 kg weight. The gait speed of 5 (± 0,5) km / h was controlled by two photocells sensors. (Alge, Spain). No significant difference was found in the first and second peaks force between military shoes. However, both variables were higher in load conditions (p <0.0001). There was no statistically significant difference between the average vertical load rate (AVLR), maximum vertical load rate (MVLR) and impulse percentage above 30Hz (%> 30Hz) in load condition. CAT had a lower AVLR (p <0.0001), however, CEB obtained lower values of MVLR (p <0.0155) and %> 30Hz (p <0.0001). These results suggest that gait with load carriage present musculoskeletal overload and requires a greater energetic expenditure of the body. In addition, it was evidenced that CEB has greater capacity to absorb impact during gait when compared to CAT.