Os reflexos da guerra do Chaco na soberania brasileira perante o continente Sul Americano (1932-1950)

Abstract

|O presente trabalho se refere às tensões geopolíticas na disputa de poder regional no continente sul americano, durante o período da Guerra do Chaco, conflito travado entre os anos 1932 a 1938, objetivando esclarecer qual país teve maior grau de influência nas fases bélica, diplomática e principalmente pós diplomática. O trabalho irá se ater a verificar a situação das vias ferroviárias e hidroviárias dos países que buscavam a hegemonia sul americana na primeira metade do século XX, por meio de uma pesquisa bibliográfica, buscando analisar os reflexos do conflito diretamente na Projeção de Poder brasileiro neste extrato do continente, bem como as ações diplomáticas militares e econômicas brasileiras no âmbito do conflito. Dito isto, a pesquisa buscou responder também como a Guerra do Chaco auxiliou no processo de integração da região ao Brasil e se o conflito favoreceu à Argentina ou ao Brasil. A questão fronteiriça foi o fator que levou ao conflito entre os beligerantes Bolívia e Paraguai já que as mesmas não foram definidas de modo satisfatório em alguns pontos, motivando a Bolívia a reivindicar territórios como o Chaco Boreal. Brasil e Argentina, mantiveram-se às margens do conflito, ambos procurando fazer jus às suas vontades e necessidades primárias no âmbito da geopolítica, ou seja, buscando dominar os antagonismos das bacias hidrográficas e dos dois Oceanos que os cercam. O Brasil era desfavorável a um aumento fronteiriço com sua concorrente Argentina. Esta era favorável a independência Paraguaia e por isso se aproximara deste, buscando benesses econômicas e a hegemonia no continente. Dessa forma o Brasil buscava com que o Paraguai e a Bolívia exportassem os seus produtos por meio das linhas férreas ou, fazendo o uso de seus portos e rios, aumentando a dependência destes países para com o Brasil. Pôde-se inferir, no entanto, que o Brasil não se atentou corretamente aos problemas que enfrentaria, tanto na parte de comunicação com a região quanto na parte militar e política, resultando com que a Argentina obtivesse uma maior influência nas fases bélicas e diplomática do conflito. Somente a partir da década de 1950 que o Brasil começou a aumentar seus esforços para atingir à região e, somente nos governos militares que os planos foram postos em prática, juntamente à mudança do pensamento dos políticos bolivianos acerca da integração daquela região. A defesa da soberania nacional e a projeção do poder brasileiro sobre os países do continente Sul americanos é de suma importância no âmbito da geopolítica, bem como os processos de integração e aumento da dependência entre os países são fatores que influenciam diretamente na forma como um pais se relaciona com o outro, gerando um conflito bélico, ou não. Desta forma, o estudo deduz que o Brasil não obteve o desempenho esperado no que tange à sua ação durante o conflito no âmbito da diplomacia, entretanto o mesmo passou a se preocupar com o tema a partir da segunda metade do século XX o que gerou consequências econômicas, militares e políticas. ________________________________________________________________________________________ The present work refers to the geopolitical tensions in the regional power dispute in the South American continent during the Chaco War, a conflict which happened between the years 1932 and 1938, aiming to clarify which country had the greatest degree of influence in the war, diplomatic and mainly post-diplomatic phases. The work will focus on verifying the situation of railways and waterways in countries that sought South American hegemony in the first half of the 20th century. Through a bibliographic search, seeking to analyze the reflexes of the conflict directly and indirectly in the Projection of Brazilian Power in this continent, as well as the Brazilian military and economic diplomatic actions in the scope of the conflict. That said, the research also sought to answer how the Chaco War helped in the process of integrating the region with Brazil and whether the conflict favored Argentina or Brazil. The border issue was the factor that led to the conflict between the belligerent Bolivia and Paraguay as they were not satisfactorily defined in some points, motivating Bolivia to claim territories such as the Northern Chaco. Brazil and Argentina remained on the margins of the conflict, both seeking to live up to their wants and primary needs within the scope of geopolitics, that is, seeking to dominate the antagonisms of the hydrographic basins and the two Oceans that surround them. Brazil was unfavorable to a border increase with its competitor, Argentina. This one, on the other hand, being favorable to Paraguayan independence, had approached it, seeking economic benefits and hegemony in the continent. In this way, Brazil sought to have Paraguay and Bolivia to export their products through brazilian rail lines or through their ports and rivers, increasing the dependence of these countries on Brazil. It could be inferred, however, that Brazil did not properly address the problems it would face, both in terms of communication with the region and in the military and political part, causing Argentina to obtain greater influence in the war and diplomatic phases of the country. In the post-diplomatic phase, at the beginning of the 1950s, Brazil began to increase its efforts to reach the region and, only in the military governments, which took place at the 1970s, that the plans were put into practice, along with the change in the thinking of Bolivian politicians about the integration of that region. The defense of national sovereignty and the projection of Brazilian power over the countries of the South American continent is of paramount importance within the scope of geopolitics, as well as the processes of integration and increased dependence between countries are factors that directly influence the way a country relates to the other, heading towards a war conflict, or not. Thus, that study deduces that Brazil started to be concerned with the theme only from the second half of the 20th century, a fact that generated economic, military and political consequences.