A tropa como vetor de inteligência nas operações de paz

Abstract

O Exército Brasileiro participou de diversas Operações de Paz sob a égide da Organização das Nações Unidas (ONU). Entre tais operações, a MINUSTAH foi a que teve maior magnitude e impacto para a Força Terrestre, tanto externa quanto internamente. Durante os treze anos de execução de diversas tarefas e missões operacionais em solo haitiano, observou-se que a atividade de Inteligência teve papel fundamental no sucesso de tais operações. Para que a Inteligência fosse capaz de desempenhar seu papel e mantivesse os comandantes no nível mais adequado de consciência situacional, foi fundamental a utilização da tropa como vetor de inteligência. A tropa demonstrou grande potencial na coleta de dados, que foram úteis para as células de inteligência no processo de produção de conhecimento. Com isso, constatou-se que este é um potencial que pode ser objeto de pesquisa para que seja explorado adequadamente em missões futuras. O objetivo deste trabalho foi apresentar como a tropa pode ser utilizada nas atividades de coleta de dados de Inteligência, com base no que foi vivenciado na MINUSTAH. Estudou-se, dentro da doutrina militar terrestre e na doutrina de outros países, quais as previsões em manual quanto à utilização da tropa como vetor de inteligência em operações de paz, bem como as peculiaridades que poderiam se apresentar nesse ambiente. A partir dessas informações, foi feita uma pesquisa para verificar o emprego da doutrina na MINUSTAH e quais as oportunidades de melhoria que poderiam ser levantadas. Constatou-se que, durante a Missão, houve a designação de uma atribuição, o Oficial de Inteligência nível SU, que não está prevista em nenhum manual da doutrina militar terrestre. Os demais resultados também constataram o emprego constante da tropa na coleta de dados, bem como a consciência da importância dessa atividade no sucesso das operações. Foi proposto um subtópico, para o Manual de Campanha Operações de Paz, a fim de orientar quanto à atribuição (Oficial de Inteligência nível SU) no contexto desse tipo de operação. ________________________________________________________________________________________ The Brazilian Army has participated in many Peace Operations under the United Nations (UN) custody. Among such operations, the MINUSTAH had the most magnitude and impact to the Terrestrial Force, both externally and internally. During the thirteen years of execution of many tasks and operational missions in Haitian ground, It was observed that the intelligence activity had essential part in the operations’ success. In order for Intelligence to be capable to perform its part and keep the commanders at the most appropriated level of situation awareness, It was essencial to use the troop as a intelligence vector. The troop demonstrated great potential in collecting information, which were useful to the intelligence cells in the knowledge production process. Accordingly, It was noticed that this potential could be an object of research in order to be explored appropriately in future missions. The purpose of this research is to present how troops can be used in intelligence collection activities, based on the experiences in MINUSTAH. It was studied, within the Army military doctrine and the doctrine of other countries, the manuals’ concepts regarding the use of the troops as an intelligence vector in Peace Operations, as well as the peculiarities of this environment. Based in these informations, a survey was conducted to verify the application of the doctrine during the MINUSTAH and what opportunities of development that could be raised. During the mission, It was found that there were a designation of an assignment, the Company Intelligence Officer, which is not stated in any manual of the Army doctrine. Other results also evidenced the constant use of the troop in collecting information, as well as the conscience of this activity’s importance in operations’ success. It was proposed a subtopic for the Campaign Manual Peace Operations, in order to provide guidance about the assignment (Company Intelligence Officer) in this operation context.