A gestão da inovação tecnológica no Exército Brasileiro e a geração de capacidades militares

Abstract

O Exército Brasileiro possui um robusto Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação (SCTIEx) que abarca, além da formação e capacitação de recursos humanos, a pesquisa básica, a pesquisa aplicada, o desenvolvimento experimental, as avaliações técnica e operacional dos Sistemas e Materiais de Emprego Militar (SMEM), bem como dos Produtos de Defesa (PRODE), e a gestão da inovação tecnológica, atuando, assim, em todos os níveis de maturidade tecnológica, os quais podem ser mensurados por meio da escala TRL (Technology Readness Level). Nesse sentido, a escala TRL, dentre as suas diversas aplicações, pode ser utilizada como um instrumento de acompanhamento da evolução temporal dos projetos de SMEM obtidos por Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I). Entretanto, o usual longo tempo despendido no processo de obtenção de SMEM por PD&I, ou seja, no processo que se inicia na pesquisa básica e que termina na plena utilização do SMEM pelo usuário final, em diversas instituições, sejam essas civis ou militares, tem impulsionado diferentes abordagens de gestão da inovação tecnológica a fim de reduzir esse lapso temporal, podendo ser mencionadas a inovação aberta e a tríplice hélice. Não obstante, o domínio nacional de todo o processo de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação possui características institucionalmente significativas para o Exército e para o País, as quais estão alinhadas com a Política Nacional de Defesa e com a Estratégia Nacional de Defesa, por fortalecer a soberania nacional no campo científico-tecnológico, impactando o poder militar, político, econômico e social. O objetivo institucional permanente de gerar poder de combate é alicerçado, no âmbito da inovação tecnológica, pelo alinhamento estratégico das ações do SCTIEx, cujas metas estão presentes, fundamentalmente, no Plano Estratégico do Exército (PEEx) e no Plano Estratégico de Ciência, Tecnologia e Inovação (PECTI), nos quais podem ser destacadas as ações em prol dos Programas Estratégicos do Exército. Nesse mister, a gestão da inovação tecnológica é um instrumento relevante para catalisar os processos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, e, consequentemente, a obtenção de SMEM autóctones, influenciando diferentes fatores do DOAMEPI (Doutrina, Organização, Adestramento, Material, Educação, Pessoal e Infraestrutura) e contribuindo com a geração de capacidades militares. Ademais, a gestão da inovação tecnológica, na atualidade, se apoia em instrumentos legais e normativos, consubstanciados no Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação e na política institucional de inovação. Tais instrumentos proveem consistência e segurança jurídica aos processos de inovação tecnológica, viabilizando o incremento da inovação aberta, bem como o aumento das interações no contexto da tríplice hélice, ou seja, entre governo, indústria e academia. No Exército Brasileiro, o Núcleo de Inovações Tecnológicas (NIT), a Agência de Gestão e Inovação Tecnológica (AGITEC) e o SisDIA (Sistema Defesa, Indústria e Academia de Inovação) são estruturas devotadas à gestão da inovação tecnológica, revelando a crescente atenção institucional ao tema. Este trabalho tem por objetivo apresentar as estruturas de gestão da inovação tecnológica no Exército Brasileiro e identificar desafios e oportunidades de melhoria na gestão da inovação tecnológica de forma a contribuir com o Plano Estratégico do Exército e com o Plano Estratégico de Ciência, Tecnologia e Inovação, repercutindo positivamente nos processos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, e, por conseguinte, no aumento das capacidades militares e na geração do poder de combate. _____________________________________________________________________________________________________ ABSTRACT The Brazilian Army has a robust System of Science, Technology and Innovation (SCTIEx) that includes, in addition to the training and qualification of human resources, basic research, applied research, experimental development, technical and operational evaluations of Systems and Materials of Military Employment (SMEM), as well as Defense Products (PRODE), and the management of technological innovation, thus acting at all levels of technological maturity, which can be measured using the TRL scale (Technology Readness Level) . In this sense, the TRL scale, among its various applications, can be used as an instrument for monitoring the temporal evolution of SMEM projects obtained by Research, Development and Innovation (RD&I). However, the usual long time spent in the process of obtaining SMEM, by Research, Development and Innovation (RD&I), that is, in the process that begins in basic research and ends in the full use of SMEM by the end user, in several institutions, whether civil or military, has promoted different approaches to managing technological innovation in order to reduce this time lapse, with mention being made of open innovation and the triple helix. Nevertheless, the national domain of the entire Research, Development and Innovation process has institutionally significant characteristics for the Army and for the Country, which are aligned with the National Defense Policy and the National Defense Strategy, for strengthening sovereignty in the scientific-technological field, impacting military, political, economic and social power. The permanent institutional objective of generating combat power is based, within the scope of technological innovation, on the strategic alignment of SCTIEx actions, whose goals are present, fundamentally, in the Strategic Plan of the Army (PEEx) and in the Strategic Plan of Science, Technology and Innovation (PECTI), in which the actions in favor of the Army's Strategic Programs can be highlighted. In this regard, the management of technological innovation is a relevant instrument to catalyze the Research, Development and Innovation processes, and, consequently, to obtain autochthonous SMEM, influencing different DOAMEPI factors (Doctrine, Organization, Training, Material, Education, Personnel and Infrastructure) and contributing to the generation of military capabilities. Furthermore, the management of technological innovation is currently supported by legal and normative instruments, embodied in the Legal Framework for Science, Technology and Innovation and in the institutional innovation policy. Such instruments provide consistency and legal security to technological innovation processes, enabling the increase of open innovation, as well as the increase of interactions in the context of the triple helix, that is, between government, industry and academia. In the Brazilian Army, the Nucleus of Technological Innovations (NIT), the Management and Technological Innovation Agency (AGITEC) and SisDIA (Defense, Industry and Academy System of Innovation) are structures devoted to the management of technological innovation, revealing the growing institutional attention to the theme. This paper aims to present the structures for managing technological innovation in the Brazilian Army and identify challenges and opportunities for improving the management of technological innovation in order to contribute to the Strategic Plan of the Army and the Strategic Plan for Science, Technology and Innovation, with a positive impact on the Research, Development and Innovation processes, and therefore on the increase of military capabilities and the generation of combat power.