A II Guerra Mundial e sua contribuição para o desenvolvimento da Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear no Exército Brasileiro

Abstract

O presente trabalho de pesquisa tem por finalidade estudar os reflexos da II Guerra Mundial (II GM) para o desenvolvimento da Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (DQBRN) no Exército Brasileiro (EB). O estudo em questão foi limitado ao período compreendido entre a Segunda Batalha de Yprès (22 de abril de 1915) e a criação da Companhia-Escola de Guerra Química (30 de novembro de 1953), relacionando os eventos históricos ocorridos nesse período com a evolução da DQBRN no âmbito do EB. Os conflitos contemporâneos e suas características passaram a exigir, da expressão militar do poder nacional, a geração de capacidades para a proteção da sociedade contra armas de destruição em massa. Dessa forma, torna-se relevante a identificação das origens da DQBRN no âmbito do EB, bem como sua evolução ao longo da história contemporânea, a fim de contribuir para a compreensão de seu estado presente. Foi realizada uma pesquisa qualitativa básica, do tipo exploratória, elaborada por meio de levantamento bibliográfico, baseando sua fundamentação téorico-metodológica em livros, manuais, artigos e documentos de acesso livre ao público em geral. Os resultados alcançados permitiram concluir, de forma dedutiva, que a Missão Militar Francesa (MMF), contratada pelo EB entre 1920 e 1940, introduziu a doutrina de guerra química na Força Terrestre, por meio da modernização do ensino e da instrução, estimulando a pesquisa e a produção científica em torno do tema e contribuindo para a formação de uma base doutrinária. O alinhamento político entre o Brasil e os EUA por ocasião da II GM e a entrada de ambos os países no conflito, entre 1941 e 1942, ensejaram a formação da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para atuar no teatro de operações da Europa, conduzindo a uma mudança no modelo doutrinário adotado pelo Brasil. Nesse contexto, a FEB foi constituída seguindo os moldes preconizados para a organização do Exército dos EUA. Foi criado, em 1943, o Centro de Instrução Especializada (CIE), que conduziu o adestramento da FEB nas táticas, técnicas e procedimentos de guerra química, sendo inserida a Seção do Serviço de Guerra Química no Estado-Maior da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (SGQ/1ª DIE), impulsionando o desenvolvimento da DQBRN no EB. _______________________________________________________________________________________________ ABSTRACT This research work aims to study the consequences of World War II (WWII) for the development of Chemical, Biological, Radiological and Nuclear (CBRN) Defense in the Brazilian Army. This study was limited to the period between the Second Battle of Yprès (April 22, 1915) and the creation of the Chemical Warfare Company-School (November 30, 1953), relating the historical events that occurred in this period with the evolution of the CBRN Defense on Brazilian Army. Contemporary conflicts and their characteristics began to demand the generation of capabilities on military expression of national power to protect society against weapons of mass destruction. Thus, it becomes relevant to identify the origins of CBRN Defense on Brazilian Army, as well as its evolution throughout contemporary history, in order to contribute for understanding of its present state. A basic qualitative exploratory research was carried out, elaborated through a bibliographic survey, basing its theoretical-methodological foundation on books, manuals, articles and documents of free access to the general public. The results achieved allowed us to conclude, in a deductive way, that the French Military Mission, contracted by Brazilian Army between 1920 and 1940, introduced the doctrine of chemical warfare in the Land Force, through the modernization of teaching and instruction, stimulating research and scientific production around the theme and contributing to the formation of a doctrinal basis. The political alignment between Brazil and the USA on WWII and the entry of both countries into the conflict, between 1941 and 1942, led to the formation of the Brazilian Expeditionary Force to act in the European theater of operations, leading to a change in the doctrinal model adopted by Brazil. In this context, the Brazilian Expeditionary Force was constituted following the recommended molds for the US Army’s organization. In 1943, the Specialized Instruction Center was created, which led the Brazilian Expeditionary Force’s training in chemical warfare tactics, techniques and procedures, with the Chemical Warfare Service Section being inserted into the General Staff of the 1st Expeditionary Infantry Division, boosting the development of CBRN Defense on Brazilian Army.