Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear : um quadro da estratégia nacional brasileira.

Abstract

Por que o Brasil não é uma grande potência? Dentre as inúmeras maneiras de tentar responder esta pergunta, o presente estudo optou por lançar luz por sobre uma área pouco conhecida mas de grande potencial para relocar o país na estrutura de poder internacional: a Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (DQBRN). Apesar de ser capaz de atuar como modificador estrutural nas dimensões de produção, crédito, conhecimento e segurança do Sistema Internacional, esta tese buscou compreender porque a DQBRN não configurou uma estratégia que contribuísse para que o Brasil fosse capaz de se relocar na estrutura de poder mundial. Para isso, assumimos que a DQBRN brasileira foi uma estratégia subótima adotada em decorrência da incapacidade do país de realizar um balanço de poder adequado no Sistema Internacional. De acordo com o realismo neoclássico, esse comportamento inadequado — underbalance — é decorrente da influência de fatores exógenos, oriundos das imposições do Sistema Internacional, e endógenos, provenientes de condicionantes domésticas. O underbalance que caracterizou a estratégia brasileira para DQBRN foi explicado por intermédio de uma investigação que se utilizou da metáfora do processo da produção artística de um quadro para analisar os fatores que influenciaram a tomada de decisão do Brasil nesse campo. O process-tracing utilizado na pesquisa verificou que a limitante moldura da pintura se confundiu com a permissibilidade e incerteza apresentadas pelo Sistema Internacional. Por sua vez, as diferentes técnicas, matizes, cores e traços na tela, de forma sinestésica, foram percebidas no campo da DQBRN, como o desconhecimento dos líderes, a fragmentação da cultura organizacional, a desconfiança inerente na relação estado sociedade e o limitado poder de agência das instituições domésticas. A conjunção desses fatores explicaram a reticente estratégia brasileira para a DQBRN. Mais do que isso, concluímos que ela pode ser tanto um esboço quanto uma obra acabada. ________________________________________________________________________________________________ ABSTRACT Why Brazil is not a great power? Among countless ways to answer such question, the present study has chosen to highlight a little-known field, despite its huge potencial to relocate the country in the international power structure: Chemical, Biological, Radiological and Nuclear Defense (CBRN Defense). In spite of being capable to act as a structural modifier within production, credit, knowledge and security International System’s dimensions, we have wondered why CBRN Defense has not configured a strategy able to relocate Brazil’s position in the world power structure. Thereunto, we have assumed that Brazilian CBRN Defense was a suboptimal strategy adopted due to the country’s inability to balance power properly in the International System. According to neoclassical realism, such inadequate behavior — underbalance — is due to exogenous factors derived from International System restrictions and endogenous conditions emerged from domestics circumstances. Throughout this investigation, CBRN Defense Brazilian Strategy was compared to an artistic process of a painting production in order to analyze the influential factors of Brazil’s decision-making process. In that regard, process-tracing method has identified a limiting frame, representing International System permissibility and uncertainty. By the other hand, different technics, hues, colors and drawings were perceived in CBRN Defense realm as leaders’ unfamiliarity, organizational culture’s fragmentation, state-society relation’s distrust and domestic institutions’ limited agency power. The reunion of all these factors has explained the halting CBRN Defense Brazilian Strategy. More than this, we have concluded that it can be either a draft or a finished work.