A participação da Academia Militar das Agulhas Negras no movimento cívico-militar de 31 de março de 1964

Abstract

O presente trabalho tem por finalidade analisar a importância da participação da Academia Militar das Agulhas Negras no movimento cívico-militar de 31 de março de 1964, visando enriquecer os debates relacionados a esse assunto e acrescentar conhecimentos ao segmento de história militar brasileira, o qual ainda se encontra bastante defasado. A Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), instituição responsável pela formação dos oficiais combatentes do Exército Brasileiro, participou ativamente do Movimento Cívico-Militar de 31 de março de 1964, que foi responsável pela deposição do então presidente João Goulart, marcando o início do período de governos militares no Brasil. Nessa ocasião, o general Emílio Garrastazu Médici encontrava-se em um impasse provocado pela cisão que havia ocorrido dentro do Exército por questões ideológicas. De um lado, havia os militares que estavam alinhados com as aspirações do presidente e que queriam sua permanência no poder, enquanto do outro estavam os militares opositores de Jango, pois viam em sua figura uma ameaça para o futuro democrático do país e o queriam fora da Presidência da República. Em 31 de março de 1964 as tropas de ambos os lados desse conflito encontravam-se em marcha umas contra as outras para um encontro que possivelmente levaria a um enfrentamento armado, quando o General Médici decidiu intervir ao lado dos revoltosos e empregar os cadetes da AMAN de forma direta nesse cenário. Nessa ocasião, os cadetes ocuparam posições defensivas na região do município de Resende – RJ, e delas proclamaram um apelo destinado a todos os militares formados na mesma instituição, para que fosse evitado o derramamento de sangue entre camaradas de farda. Esse ato levou a uma comoção generalizada por parte dos oficiais, o que levou a uma reunião dos generais comandantes de ambos os Corpos de Exército no interior da Academia para que se chegasse a uma solução pacífica, na qual decidiram pela rendição das tropas “janguistas” levando à deposição do presidente. ____________________________________________________________________________________ The present work aims to analyze the importance of the participation of the Military Academy of Agulhas Negras (AMAN) in the civic-military movement of March 31, 1964, aiming to enrich the debates related to this subject and to add knowledge to the Brazilian military history segment, which is still quite outdated. The Military Academy of Agulhas Negras, the institution responsible for training combatant officers of the Brazilian Army, actively participated in the Civil-Military Movement of March 31, 1964, which was responsible for the deposition of President João Goulart, and marked the beginning of the military government period in Brazil. At the time, General Emílio Garrastazu Médici found himself in an impasse provoked by the split that had occurred within the Army due to ideological issues. On one side were the military who were aligned with the president's aspirations and wanted him to remain in power, while on the other were the military opponents of Jango, who saw in him a threat to the democratic future of the country and wanted him out of the presidency. On March 31, 1964, troops from both sides of this conflict were marching against each other for an encounter that would possibly lead to an armed confrontation, when General Médici decided to intervene on the side of the insurgents and employ the AMAN cadets directly in this scenario. On that occasion, the cadets occupied defensive positions in the region of the city of Resende – RJ, and from there proclaimed an appeal to all military graduates of the same institution, to avoid bloodshed among comrades in uniform. This act caused a general commotion among the officers, which led to a meeting of the commanding generals of both Army Corps inside the Academy in order to reach a peaceful solution, in which they decided for the surrender of the “janguist” troops leading to the deposition of the president.